Análise a ‘The Last Of Us’ - Season 1 (HBO Max)

★★★★★ – Uma análise em conjunto de 2 pessoas com backgrounds diferentes. O ponto de vista de quem jogou o jogo (Francisco Santos) e de alguém que nunca jogou o jogo (Susana Lima).

Sobre a série:
Esta é uma série de ação, aventura e drama que se encontra disponível no serviço de streaming da HBO Max.
The Last of Us é uma adaptação da história de um videojogo com o mesmo nome, sobre os mais variados tipos de relações humanas, quer sejam elas de amizade, familiares ou amorosas, num mundo destruído por um fungo.
Esta primeira temporada contém 9 episódios com uma média de 1 hora por episódio, sendo que 2 deles ultrapassam esse marco.
Esta adaptação está apropriada para audiências acima dos 15 anos, devido à sua complexidade psicológica e cenas violentas.

Narrativa:
Neil Druckmann e Craig Mazin, os principais cérebros por detrás da série (sendo que Neil criou a história original), mostraram ao mundo como se deve fazer uma adaptação de um videojogo sem que este perca a sua qualidade e essência.
A série foi maioritariamente fiel à narrativa do jogo, mas temos algumas alterações que para muitos só tornou a adaptação melhor. No jogo, os infetados encontram-se isolados muitas das vezes, enquanto na série eles estão aglomerados, fazendo com que o espectador tenha uma maior libertação de adrenalina. Outra diferença que encontramos é o tempo de ecrã das side stories, que muitas vezes acabam por ter quase um episódio dedicado a elas, criando assim um maior impacto emocional, enquanto que no jogo estas side stories não são tão desenvolvidas.

O método de propagação do fungo foi também alterado, visto que usar máscaras o tempo todo iria criar uma barreira visual entre o espectador e as personagens, o que poderia comprometer o sucesso da série...para não falar que envolveria mais dificuldades técnicas no processo de produção.
Temos o recurso a flashbacks que nos explicam o porquê de certas coisas e que nos dão mais background psicológico das personagens.
A situação atual deste cenário apocalíptico foi-nos trazida no inicio do primeiro episódio através de um talk show, algo que para muitos foi considerado original e uma excelente opção quando se tem tempo limitado para explicar certos aspetos.

Som e Imagem:
Temos uma qualidade visual ao nível de filmes de grande ecrã, sendo que o cenário apocalíptico do jogo foi transposto com grande sucesso.
A caracterização dos infetados também está bastante fiel e acima de tudo aterradora, que é o que se pede numa série deste tipo.
Por vezes, as partes mais gore são ocultadas visualmente e o impacto é entregue pelo som.
A introdução está fenomenal e é uma das melhores intros em termos de séries.
A nível de soundtrack foi um sucesso visto que usaram as composições de Gustavo Santaolalla (que já tinham sido um êxito no jogo).
Para além da banda sonora do jogo foram ainda implementadas algumas músicas antigas que acabaram por sofrer o mesmo fenómeno que a “Running Up That Hill” da Kate Bush aquando desta saiu na série de Stranger Things mas a uma escala mais pequena.

Personagens:
Para as pessoas que não vieram do jogo, o casting está mais que satisfatório.
Ambas as personagens principais (Ellie e Joel) têm um crescimento psicológico adequado para o tempo de ecrã que têm e para os acontecimentos que enfrentam.
A química entre as personagens principais, interpretadas por Bella Ramsey e Pedro Pascal, é muito interessante e realista.

Do ponto de vista de quem jogou o jogo, a escolha da atriz Bella Ramsey (Ellie), deixou alguns espectadores reticentes, no entanto todas as dúvidas foram dissipadas com a atuação fenomenal da atriz.
Pedro Pascal foi uma excelente escolha por ser um ator bastante multifacetado, pois tanto consegue emocionar o espectador como se tornar num autêntico assassino em poucos segundos.
A side story de Bill e Frank, que aparece apenas no terceiro episódio, também teve alterações em comparação ao jogo, e, independentemente da cotação que lhe foi dada, foi um dos melhores episódios de televisão, algo que é praticamente unânime a quem se considera civilizacional.

Opinião Final:
Temos aqui uma boa adaptação que sobrevive bem sozinha sem qualquer conhecimento do material do jogo.
Para quem veio do jogo, pode sentir que esta temporada tenha uma escassa aparição de infetados, mas Craig Mazin já veio a público dizer que a segunda temporada irá resolver esse assunto.
O sucesso desta série dá ainda mais razões, às plataformas de streaming, para continuarem a apostar em adaptações de videojogos que tenham sido bem recebidos pelas audiências.
Sempre que as grandes produtoras falam que irão adaptar um jogo adorado por muitas pessoas, os fãs tendem a ficar muito receosos pois o historial não é muito famoso. O sucesso da série está a atrair cada vez mais pessoas para o mundo dos jogos.